"DIREITOS HUMANOS: PARA QUEM?” |
Carlos
Magalhães Gomes
CURSO
DE FORMAÇÃO TÉCNICO PROFISSIONAL PARA POLICIAIS CIVIS
TURMA
“A” – ALUNO/DPC
ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARÁ
DIREITOS
HUMANOS
- PROF. DELEGADO SAMPAIO
Direitos
humanos é um dos temas mais tratados e conversados no atual nível de
nossa sociedade. Falatórios e discursos são muito comuns em qualquer
local e hora, principalmente por aqueles que defendem com unhas e dentes
uma maior participação do governo no combate às violações de tão
famosos direitos. O
que são direitos humanos? Como podemos fazer uma definição concreta
sobre o tema? A expressão Direitos Humanos já diz, claramente, o que
este significa. Direitos Humanos são os direitos do homem. São direitos
que visam proteger os valores mais preciosos da pessoa humana, ou seja,
direitos que visam resguardar a solidariedade, a igualdade, a
fraternidade, a liberdade, a dignidade, de forma a limitar os poderes das
autoridades, garantido, assim, o bem estar social e proibindo qualquer espécie
de discriminação. Como
se percebe, não existe uma divisão no conceito, isto é, os direitos
humanos não são feitos para determinados agrupamentos de pessoas ou
mesmo para uma categoria de seres humanos escolhidos dentre vários
setores da sociedade. Porém, na realidade, o que se percebe todos os dias
é a manifestação de pessoas, grupos, ONGs, sociedade, governo etc., em
prol dos direitos humanos de pessoas em conflito com a lei, melhor dizendo
e clareando o significado da citada expressão: assaltantes, estupradores,
homicidas e todos aqueles que de alguma maneira atentaram contra os princípios
da vida em sociedade. É
muito fácil falar em direitos humanos e defender os “coitadinhos” que
estão encarcerados nas milhares de celas espalhadas pelos presídios e
delegacias de todo o país. Certo que na maioria das vezes são tratados
de forma desumana e sem qualquer tipo de cuidados básicos que uma pessoa
precisa para sobreviver, mas fazer disso uma bandeira dos direitos humanos
é deveras preocupante para a verdadeira essência de tal direito. É comum presenciarmos nos meios de comunicação diversas manifestações em prol das pessoas presas ou que de alguma forma estão custodiadas pelo Estado, seja provisoriamente ou definitivamente. Entretanto, pouco ou quase nada vemos com relação às famílias das vítimas, de policiais dedicados que em cumprimento de seu mister foram alvejados por bandidos, de pessoas comuns que não podem mais sequer caminhar pelas ruas, pois o medo e a insegurança tomaram conta de nossa sociedade de uma maneira tão rápida que não temos a menor chance de defesa. Para
esses grupos de pessoas, eu questiono, onde estão os direitos humanos?
Será que alguém ouve falar ou tem notícias de como estão passando os
filhos de um trabalhador honesto, que ao sair de casa para mais um dia de
trabalho, é feito refém por assaltantes e que após verificarem que não
possui sequer uma moeda, é brutalmente morto com vários tiros sem
qualquer perdão ou ressentimento. Nesses casos, nem se fala em trabalhos
sociais, psicológicos ou comunitários para aqueles que ficaram sem seu
ente querido, de forma traumática e com a certeza de que daí em diante
passarão fome, enquanto o meliante, caso seja preso, ficará com todos os
seus direitos protegidos pelo Estado, com café, almoço e janta, fazendo
rebelião por motivos de visita íntima e com várias ONGs indo para a
televisão dizer que os mesmos são tratados de forma desumana. Para
que se possa falar em uma sociedade justa e democrática, na qual todos
possam pelo menos ter seus direitos fundamentais básicos assegurados,
devemos acabar com toda discriminação que existe com relação ao tema
aqui tratado. Temos que ver com igualdade de condições aqueles que
cometem crimes, mas também direcionar olhos para todos os outros que estão
à mercê desses malfeitores, que ficam totalmente desapercebidos de
qualquer ação estatal mais enérgica, a fim de que não se sintam
fragilizados pela falta de apoio governamental e com o total descrédito
da falha e morosa justiça. É
muito fácil falar da polícia desonesta, do falido sistema carcerário,
dos governantes corruptos e de tudo mais que contribua para que nossa
sociedade não veja uma luz no fim do túnel, mas onde estão os
defensores dos direitos humanos daqueles que mais precisam, que somos nós
mesmos, que presenciamos de dentro de nossas próprias casas gradeadas as
mais perversas barbáries cometidas por criminosos, muitas vezes menores
de idade. É nesse ponto que os direitos humanos são totalmente
esquecidos, pois aquela “criança” que cometeu o ato será tratada
como mais um resultado da falta de políticas públicas sociais do
governo, enquanto que a vítima e seus familiares são totalmente
esquecidos, sempre em detrimento do que se pode fazer para proteger o
criminoso das garras de policiais carrascos e de celas prisionais
desumanas. A
população está revoltada e ao mesmo tempo temerosa, pois vive um caos
social decorrente principalmente dos altos índices de criminalidade. É
demasiadamente complicado ver que os criminosos mais perigosos do país
vivem cercados de regalias, gastando o dinheiro de nossos impostos com
viagens a fim de serem interrogados. Nesse diapasão, onde estão os
defensores dos direitos humanos? Na realidade, deveriam lutar para que
todos esses gastos fossem revertidos para entidades que cuidassem da família
das vítimas que foram prejudicadas com as ações desses malfeitores. A
dignidade da pessoa humana, quando erguida pelos defensores dos direitos
humanos é muito bonita, porém algo de estranho acontece em virtude da
inversão de papéis entre aqueles que mais precisam ser amparados nos
momentos de fragilidade. É muito triste saber que no atual estágio de
nossa sociedade os direitos humanos das vítimas e suas famílias são
quase que totalmente esquecidos em detrimento das benesses e cuidados que
nossos bandidos recebem de vários setores da sociedade. Por isso, a cada dia que se passa, fica mais difícil que as pessoas tenham consciência que os direitos humanos devem ser aplicados a todo e qualquer ser que viva em nosso planeta, mas que por infelicidade de sua aplicação, se transformou apenas em mais um escudo protetor da cruel bandidagem existente em nossa sociedade. 02.10.2007 |
Fonte: Remetido por e-mail |
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