AMAZÔNIA VULNERÁVEL
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VÂNIA LÚCIA SILVEIRA AZEVEDO DA SILVA 
Procuradora de Justiça 


           
Toda vez que tomo conhecimento de notícias relativas a Amazônia, literalmente aumenta a minha angústia por dias melhores, porque na sua maioria são desalentadoras.

         Não foi diferente quando li no jornal “O Liberal”, edição de 15 de setembro, a notícia intitulada “Cortes Orçamentários Prejudicam a Amazônia”, dando conta de implicações decorrentes dos cortes efetuados nos orçamentos das Forças Armadas, diga-se de passagem o maior dos últimos anos, atingindo drasticamente a área em maior evidência no Brasil em termos de segurança, a Amazônia. 

          Esses cortes, é importante frisar, não prejudicam apenas a Amazônia, mas principalmente, o Brasil. 

         Como é sabido, a cobiça pela região amazônica não constitui novidade. Porém, para manter a integralidade territorial e a soberania nacional é imprescindível que determinada fatia do orçamento seja regularmente mantida, para suprir todos os gastos e investimentos decorrentes, que sabemos elevados, mas que são necessários, vale dizer, vitais para nós brasileiros. Isso porque, em caso de risco e premente defesa de nossas fronteiras, a mobilização, deslocamento e chegada das Forças Armadas ao local, deve ser feita em tempo hábil, pois do contrário, a reação fatalmente ficará aquém do desejado ou fadada ao fracasso, vez que na conjuntura atual, as dificuldades são tantas, que vão desde a diminuição de recrutas, precariedade dos meios de transportes e até mesmo a falta de combustível, o que é deplorável. Assim, não tem combate. 

         Por outro lado, a fragilidade na vigilância de nossas fronteiras em virtude da contenção de despesas, proporciona tranqüila oportunidade para atuação da biopirataria, dos guerrilheiros das FARC, dos contrabandistas, do tráfico de drogas e de armas, como se fosse casa de mãe Joana, onde todos podem entrar e abusar. 

         Como se isso não bastasse, embora a segurança pública não seja função das Forças Armadas, não resta a menor dúvida que a sua presença permanente e contínua por toda essa imensa região, certamente inibiria a ação das famigeradas facções criminosas que se instalaram em nosso País, comandando o tráfico de entorpecentes e de armas, dominando os presídios e favelas, formando o abominável poder paralelo, agora tem motivos de sobra para festejar, pois estão livres de uma marcação cerrada, de um patrulhamento efetivo e eficaz de nossos rios e florestas, porta de entrada do referido tráfico. 

          É por essa vulnerabilidade que eu me revolto como cidadã e, para concluir minha indignação, espero que no futuro os meus netos possam dizer: 

" A AMAZÔNIA É NOSSA".

 

Publicado no Jornal "O Liberal".

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