Criança não tem vez 

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Carla Blanco Rendeiro Martins
Bacharel em Direito e Jornalista

COISA JULGADA MATERIAL  - RELATIVIZAÇÃO

       

     Semana passada, na Estação das Docas, uma mãe, acredito que turista, reclamava da ausência de um fraldário no local. Tivera que trocar a fralda de seu bebê na pia do banheiro. A mulher ainda indagou se arquitetos e engenheiros responsáveis pela obra não imaginaram que por ali seria grande a circulação de crianças. Não falei, mas pensei, e agora escrevo, que em Belém criança sofre!


   Os prédios públicos não contam com banheiros e espaços próprios para crianças. Não há praças suficientes para elas passearem aos domingos (ou em qualquer outro dia), as poucas que existem são mal arborizadas, quentes, sujas e sem brinquedos adequados.


   No dia do Círio, sob um sol escaldante e sufocadas pela multidão, são levadas para acompanhar a procissão, algumas – extremo sacrifício! – com suas desconfortáveis e calorentas vestes de anjos.


   À noite, nos bares, restaurantes e outros programas que deveriam ser exclusivamente adultos, estão lá, dormindo por cima das mesas, chorando aos pés dos pais (e ao alcance de nossos ouvidos), implorando para voltarem para casa.


   Nas ruas da cidade, também as encontramos, cheirando cola, cuspindo fogo, pedindo esmolas, se prostituindo, algumas com outras já no ventre, e nós e as autoridades responsáveis, passando indiferentes.


   Que Nossa Senhora de Nazaré nos perdoe e nos ilumine para que tenhamos mais amor e respeito por nossas crianças, e que os governantes não esqueçam de, ao menos, dar a esperança de um futuro melhor para elas.

Estatuto da Criança e do Adolescente

 23.10.2004 

Fonte: Jornal "O Liberal" - Edição de 20.10.2004 - Belém - Pa

carlarendeiro@uol.com.br

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