DEBOCHE    E    MÁ    ÍNDOLE 
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 SANDRA SILVA 
Cientista Política, Socióloga, acadêmica de Direito
 

                           

            Perdi toda a expectativa de que o mundo, apesar do  acelerado  conhecimento adquirido pelos humanos, pudesse se tornar menos agressivo, imoral e cruel.

Os homens não têm conserto mesmo! Tampouco diferem dos seus ancestrais que andavam de quatro pés, comiam a carne dos animais abatidos sem cozimento, incluindo as vísceras, e moravam em grutas escuras onde tramavam formas de se favorecem das tribos ainda mais ignorantes auferindo de forma escusa as primitivas regalias.

Continuamos cruzando as labaredas da corrupção e da sem-vergonhice mais canalha que temos conhecimento na história dos povos. Temos praticamente o menor crescimento dentre um grande grupo de nações. Mas vamos, lá, nos rejubilemos: somos um bando populacional que pratica a delinqüência, o furto, a locupletação do dinheiro alheio, a prevaricação, o estelionato eleitoral, a receptação qualificada, o peculato e a concussão, entre outros de menor potencial.

Começamos com Waldomiro Diniz, depois foram os Josés e a seguir as cuecas do irmão do primeiro José cheias de dólares americanos. Aí apareceu o professor Delúbio e o Silvinho Land Rover. Na periferia, correndo pelas bordas, o carequinha Marcos Valério e o publicitário Mendonça. Nem o ministro Antonio suportou o fascínio do poder e do dinheiro mal havido para justificar seus fins. Mattoso quase liquidou com a credibilidade da Caixa. Dois mortos em meio aos escândalos semanais: Celso e Toninho. Suas famílias guardam apenas saudade de seus homens que tão cedo apodreceram. Os bingos, os correios, o mensalão, agora os vedoins sanguessugas e, neste capítulo mais recente, um dossiê e o grampeamento de telefones de ministros.  Isto é o conteúdo da peça teatral que tem sido representada pelo Brasil.

Dezenas de policiais e serventuários da polícia paulista foram sacrificados no mês de maio em uma operação emanada de um grupo mafioso identificado por Primeiro Comando da Capital e até hoje sem explicações convincentes. O que os presidiários tinham por escopo? Matar  inocentes,  chantagear o poder constituído? Restaram as viúvas, as mães e os órfãos paulistas a prantear maridos, filhos e pais, os delinqüentes com sua lista de reivindicações, quiçá atendidas, e todos nós pagando para que essa turma de malfeitores permaneça vagabundeando dentro dos presídios, na maioria das vezes planejando ações criminosas tão logo tenha acesso à liberdade.

O que mais acontecerá próximo à alcova do rei que nada percebe?

Onde estão certas cartilhas? O que esconde a empresa de publicidade com notas fiscais que não fecham a contabilidade? Também essas denúncias circulam pela mídia. Ainda vão ser alvo de maior destaque porque sempre há muita grana no meio dessas falcatruas e negócios mirabolantes.

Quem são os brasileiros que ocuparam importantes posições na administração das organizações do país? Vindos de onde? De quais universidades? Quais eram seus objetivos ao agir de forma tão insidiosa? Filiaram-se a uma agremiação partidária para delinqüir?

O que se vê é o abastardamento da política de tal forma que a simples pronúncia da palavra exala tenebroso odor fecal apodrecido. E o cidadão  brasileiro, abestalhado, incrédulo e ridicularizado, obrigatoriamente terá de ir às urnas para escolher quem o represente. Levará alguma certeza e esperança?

Quantos homens e mulheres com decência moral sobraram depois deste terremoto? Como confiar na palavra de qualquer candidato se os barões da ética jogaram tudo no crematório? Ou tudo era falso para chegar ao poder e instalar um estado autoritário, único, sem congresso, onde um dita e todos se curvam?

Estamos perplexos!  Porque o que não sabia, nada viu e ouviu, tem a preferência da população, sinalizando que ela, a população, é tetraplégica ou está aguardando a sua oportunidade de fazer coro a circunstâncias semelhantes. Salvo se estiver enganando os pesquisadores no melhor estilo da doce vingança.

             

15.10.2006 

Fonte: Remetido por e-mail

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