QUAL
O TAMANHO DA DÍVIDA INTERNA BRASILEIRA |
ROBERTTO
ONOFRIO
Contador
Os
meios de comunicação em geral, e as mídias especializadas em economia,
em particular, têm anunciado que a dívida interna brasileira está se
aproximando de R$
1.000.000.000.000,00 (um trilhão de reais), pois em novembro de 2005
estava em R$ 959,50 bilhões, sendo que só de juros são devidos mais que
R$ 100 bilhões.
Confesso que, mesmo sendo um profissional da área contábil há longa
data e oriundo da área financeira (banco comercial), tenho dificuldade em
entender o que significa esse valor, ou seja, qual o poder de compra desta
quantia, qual a sua equivalência com outras contas. Só sabemos que vamos
ter que ajudar a pagar, pois se trata de uma dívida publica em que apenas
alguns se beneficiam, mas de uma forma ou outra todos pagam. Tal afirmação
fundamenta-se no fato de que essa dívida é formada, basicamente, pela
venda de títulos públicos nas esferas governamentais federal, estadual e
municipal, tendo mais de 50% vinculada à taxa SELIC. Daí ser tão
atrativa para os investidores: como nossa taxa de juros é a mais alta do
mundo, quem tem recurso financeiro excedente entrega a uma instituição
financeira por determinado período e tem como retorno do seu investimento
uma parcela de juros.
Para melhor esclarecer, vamos comparar com outros dados públicos:
O
orçamento federal está estimado em R$ 14,8 bilhões para o ano de 2006
para investimentos, isto é, recursos destinados a atender as demandas
sociais. Isso corresponde a 1,54% do valor da dívida interna. A receita
total está estimada em R$ 1,676 trilhões, sendo que deste total apenas
0,88% serão aplicados em investimentos. Assim, o valor da dívida interna
corresponde a 57% do valor previsto para arrecadação, e essa ainda tende
a crescer durante o ano;
Segundo o IBGE, até setembro de 2005 o Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro estava em R$ 1,416 trilhões;
A Bolsa de Valores de São Paulo, por meio de 382 empresas
com ações negociadas na BOVESPA, somou R$ 1,13 trilhões (valor de
mercado) no ano de 2005. Por falar em valor de mercado, a empresa que tem
o maior valor do mundo é a GENERAL ELETRIC com US$ 377,42 bilhões. Se
considerarmos valor médio do dólar R$ 2,30, corresponderia a R$ 868,07
bilhões, tendo o valor de seu Ativo Total de US$ 750,33 bilhões ou R$
1,748 trilhões. Assim, conclui-se que nossa divida interna é superior ao
valor de mercado da empresa mais valorizada do mundo;
Ainda
sobre o mercado aberto em 2005, a emissão de debêntures, que são
títulos emitidos pelas empresas com prazo certo e remuneração certa,
que têm como garantia os ativos das empresas, objetivando “oxigenar”
o seu capital para financiar seus projetos, totalizou R$ 41,539 bilhões;
No
ano de 2005, segundo o IMPOSTÔMETRO da Associação Comercial de São
Paulo, a Receita Federal arrecadou R$ 731,606 bilhões. Na área comércio
exterior, o Brasil exportou R$ 118,309 bilhões e importou R$ 73,545 bilhões,
gerando um superávit de R$ 44,764 bilhões.
Analisando os números acima, mesmo sem ter como visualizar fisicamente o
montante em “dinheiro” da nossa divida interna, podemos verificar que
ela é bastante alta e preocupante, pois se transferirmos a mesma situação
para uma empresa privada ou mesmo uma família, o “sinal vermelho” é
acionado e sabemos que precisamos buscar alternativas para saneamento econômico-financeiro
urgente sob pena de falirmos ou ficarmos insolventes. Por outro lado, conforme já citado, boa parte da dívida é formada pela venda de títulos atrelados à taxa SELIC ou outras formas de remuneração variável. Assim, proporciona um grande benefício para algumas pessoas e empresas que compraram tais títulos, ou seja, aqueles que aplicaram no mercado financeiro. Como alguém tem que “pagar a conta”, sobra para as pessoas e empresas (infelizmente, maioria) que ficaram na posição de tomadores de empréstimos bancários e/ou financiados, especialmente com cheque especial e empréstimos para capital de giro das pequenas empresas.
08.10.2006 |
Fonte: Remetido por e-mail |
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