LOS MERCEDITOS |
Carlos Soares
Advogado
e escritor na cidade gaúcha de Porto Alegre, RS.
A recente
expropriação da Petrobrás brasileira pelo governo populista da Bolívia
nos remete a um problema antigo na América Latina: a extrema dificuldade
de absoluta confraternização que se pretende impor entre o Brasil e seus
supostos hermanos de Mercosul, de que nos achamos separados, não só pela
índole e pela língua como pelas tradições do nosso povo.
O fato do Brasil e demais nações latino-americanas se acharem no mesmo
continente é um acidente geográfico ao qual não mais importância que
isto: ser mero acidente geográfico. Entretanto, se tenta desde séculos
atrás unir em amplexo fraternal nações de um mesmo continente não
raras vezes belicosas e com tradição de falsas e traiçoeiras!
Na verdade, a História nos prova contundentemente que essas nações
nunca foram irmãs nem amigas. Como disse certa vez o Dr. Eduardo Prado,
referindo-se às nações ibéricas da América em seu livro A Ilusão
Americana: a fraternidade é uma mentira. E informava, ainda, com certo
pesar, que Há mais ódios, mais inimizades entre elas do que
entre as nações da Europa.
Trazia como exemplo, naquela época, 1917, que o México deprime, oprime e
tem por vezes, invadido a Guatemala, que tem sangrentíssimas guerras com
a república do Salvador, inimiga rancorosa da Nicarágua, feroz adversária
de Honduras, que não morre de amores pela república de Costa Rica.
Concluía, com mais pesar ainda, que A embrulhada e horrível história de
todas estas nações é um rio de sangue, é um contínuo morticínio. E
onde fica a solidariedade americana, onde a confraternização das repúblicas?
Naquele período, a Colômbia e Venezuela odiavam-se de morte. O Equador
sofria constantemente agressões ora da Colômbia, ora do Peru, que por
outro lado, já havia assaltado a Bolívia, tendo posteriormente se unido
a ela numa guerra contra o Chile! E o Chile, quando invadiu duas vezes a
Bolívia e o Peru, praticou o mais horroroso morticínio de bolivianos e
peruanos, segundo o autor, jamais visto naquele século.
Mostrou que o maior adversário do Chile era a Argentina e que esta,
tiranamente, usurpara territórios à Bolívia, sendo também inimiga
natural do Paraguai, informando que Lopez atacou-a, e ela secundou o
Brasil na sua guerra contra o Paraguai. E que ela não nutre nenhum
sentimento amigo em relação ao seu vizinho Uruguai. O passado, pois, prova incontestavelmente que não existe e, o pior, nunca existiu fraternidade Americana. Por isso, a atitude populista e radical de Evo Morales não pode surpreender o Presidente Lula, que deveria ter tido mais precaução ao tratar de negócios com governos supostamente irmãos: lembrar sempre que a milhares de anos Caim matou impiedosamente o seu irmão Abel, e de lá para cá a situação não mudou quase nada...
08.05.2006 |
Fonte: Remetido por e-mail pelo autor |
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